Sempre me cobrei muito sobre fazer o que é certo. Mas é aí que mora o perigo... A vida é cheia de nuances, e grande parte das vezes fica difícil determinar qual é o lado correto, a decisão acertada, a palavra adequada. Muitas vezes, pensando no problema, deixei o bonde passar e acabei não tomando atitude nenhuma.
Ontem tive a chance de ficar frente a uma pessoa acusada. Acusada de algo grave. É alguém que só conheço de passagem, nunca fomos além do bom dia ou boa tarde, mas muita gente que o conhece diz que ele é honesto. É a impressão que me passa também... Tá certo, quem vê cara não vê corrupção, mas sinto assim.
E ontem ele esteve no meu trabalho. Vi uma pessoa chegar com o canto do olho, e ao me virar me surpreendi com sua presença. Estava contido, talvez na dúvida de como seria recebido pelos colegas, alguns de muitos anos. Não resisti a lhe dar um sorriso e dizer um "oi, tudo bem?"
Voltei ao trabalho e fiquei reparando como os outros reagiriam. Um médico antigo apenas soltou um grunhido em sua direção, outro lhe deu um abraço caloroso. Não pude deixar de sentir uma certa simpatia por este.
E ele ficou ali, esperando sei lá o quê, e também não era da minha conta. Comecei a me arrumar para ir embora, e antes de sair fui até o fundo da sala onde ele estava, apertei suas mãos entre as minhas e disse, com um grande e sincero sorriso:
- Fiquei muito feliz em vê-lo!
E era verdade. Saí dali com a alma leve, pela sensação de não ter julgado ninguém e ter estendido a mão a alguém que, culpado ou inocente, certamente está passando por momentos muito difíceis.
Realidade
Há 11 anos
3 comentários:
nao conheco o caso, mas nao esperava nada diferente de voce. Voce eh uma pessoa maravilhosa e nunca a vi julgar ninguem!
Ah, Carlinha, vou criar coragem para contar tb de qdo não fiz o que julgava certo...
Pois é, tem aquela estória do preto, do branco, e das nuances de cinza...
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