Meu primeiro porre foi aos quatorze anos. E foi sem querer, pura imaturidade ou ingenuidade, sei lá.
Tinha um grupo de amigos do colégio que estava sempre se reunindo, geralmente na minha casa. O apartamento era pequeno, mas como morávamos só eu e minha mãe, a galera se sentia mais a vontade, sem pai por perto pra dar uma intimidada.
Certo dia depois de fazermos um trabalho na casa de uma amiga no Grajaú, combinamos de ir para a minha e todos dormiriam lá. Na verdade éramos todas meninas e apenas um menino, e digamos que eu tinha um certo tombo por ele. Imagina, fiquei animada com a perspectiva de passar a noite inteira pertinho dele...
Não sei bem de quem foi a idéia, mas alguém comprou uma garrafa de Velho Barreiro no caminho para fazer caipirinha. Até que foi animado, aquela bagunça na hora de preparar, e depois, se não me engano, iríamos fazer uma brincadeira imitando o oscar, confeccionando pequenos troféus que daríamos uns aos outros de acordo com a característica de cada um.
Talvez achando que tinha apenas uma limonada em mãos, esquecendo da cachaça, virei o primeiro copo de uma vez só:
- Hummm... Gostoso... Quero mais!
E assim foi com o segundo, minhas amigas achando tudo muito engraçado, dada minha timidez, até que no terceiro a única coisa que me lembro é da minha cabeça cair para trás no último gole.
Gente... Só sei que acordei de madrugada, língua queimada, gosto de cabo de guarda-chuva na boca, uma lente de contato perdida no olho direito (a esquerda eu havia tirado antes da bebedeira) e uma sensação de que preferiria estar em qualquer outro lugar que não fosse aquele corpo.
Segundo os relatos dos presentes, foi um vexame, com direito a café quente (daí a língua queimada), bofes para fora e banho frio, e nesse quesito passaram um bom tempo me perturbando que o tal do garoto é que tinha me colocado no chuveiro. Que vergonha... Eu querendo fazer a charmosa para ele e acabo fazendo a bêbada!
Mas o que marcou mesmo, segundo reza a lenda, é que algum tempo antes havíamos começado a escrever uma peça de teatro falando sobre o nosso grupo, e toda vez que me pediam o texto para que continuássemos a redação, eu dizia:
-Jjjjjjjchoguei fora...
O fato é que nunca mais achamos o raio da peça, e eu tenho mesmo essa tendência a me desfazer de tudo.
E até hoje, quando surge a oportunidade de encaixar a bendita frase, alguma dessas queridas amigas com quem mantenho contato não perde a chance de lembrar:
- Cacau jjjjjjjchogou fora!
O que não joguei fora foi o trauma da caipirinha, até hoje dou no máximo umas bicadinhas na dos outros, uma inteira so pra mim, no way...
Realidade
Há 11 anos
2 comentários:
Olha, eu não participei dessa bebedeira mas acho que lembro dessa história, ela foi comentada durante anos!! Comecei a participar mais tarde desse grupo, uns 2 anos depois...
Quanto ao tombo, vc falou certo, era tombo mesmo... ;)
Quase um desabamento, rsrsrs...
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