quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ultrapassando mais uma etapa

Minha filha mais velha mamou no peito até dois anos e dois meses. É engraçado como isso incomoda algumas pessoas, e já vinha sendo pressionada há algum tempo a interromper a amamentação. Ainda relutava um pouco porque ela adorava, além do que nunca consegui, até hoje, que ela tenha uma alimentação adequada em quantidade, nem qualidade. O leite materno, além de fonte de carinho, ainda era também de nutrientes para quando estava doentinha, por exemplo.


Até que em um determinado dia levei duas broncas. A primeira foi da psicóloga da creche, que achava um absurdo uma criança daquele tamanho mamar. Bem, isso é motivo para conversas futuras, hoje eu já não permitiria esse tipo de intromissão na relação com minhas filhas. A outra foi da pediatra, uma fofa. Meu dermatologista tinha acabado de prescrever um antibiótico, que comprei sem pensar, mas antes de tomar o primeiro comprimido lembrei que o medicamento poderia passar à minha filha pelo leite, e resolvi tirar a dúvida. Liguei, então, para a pediatra; ela tem um jeito de falar muito doce, e me atendeu como sempre:
- Não, não tem problema nenhum para ela vocé tomar esse remédio, respondeu delicadamente. Mas de repente sua voz assumiu um tom mais sério, de repreensão:
- Mas você ainda não tirou o peito dela?!


Caramba, duas vezes num dia só era demais! Olhei para minha pequena, mamando naquele momento, já dormindo no meu colo, e resolvi: esta vai ser a última vez. Chamei o pai dela e pedi sua ajuda, ele concordou na hora.


Mas as crianças tem um sexto sentido surpreendente... Geralmente depois que adormecia ela só acordava de novo lá pelas seis da manhã; pois bem, neste dia, ouvi seu chorinho às onze da noite! O pai foi prontamente atendê-la, e pude ouvir a conversa pela babá eletrônica:
- Quero a mamãe...
- Mamãe saiu, mas papai está aqui com você.
- Não, mamãe...
E chorava, ela em seu quarto, eu no meu.


Depois de um bom tempo em que meu marido tentou distraí-la com toda paciência do mundo, ele foi ao nosso quarto pegar uns edredons para forrar o chão da sala e deitar com ela. Pedi a ele que a trouxesse para mim, não aguentava mais deixá-la naquele sofrimento.
- Agora que começamos? Não, pode ficar aí! Dizendo isso, pegou os edredons, desligou a babá e fechou a porta do quarto. Achei que ele tinha razão... Naquele dia a bichinha chorou até cinco da manhã, ninguém dormiu.


Acordou irritada, e assim ficou por todo o dia na creche. Quando fomos buscá-la no final da tarde, por azar ou sorte, levei um tombo com ela no colo; caí sobre o joelho, que ficou bem machucado, mas ela nem encostou no chão, felizmente. Mas resolvi usar o acontecido...
- Mamãe, quero mamar...
- Não dá, amor.
- Porquê?
- Lembra que a mamãe caiu ? Então, machuquei o mamá...
- Quero ver!


Bem, estava preparada para isso, e havia colocado band-aids coloridos nos seios.
- Tá vendo? Agora tem que esperar a mamãe melhorar...
- Tá bom, mamãe...
Não achei que seria tão fácil! O fato é que durante aproximdamente um mês, cada dia usava um curativo diferente, ela pedia para ver e achava uma graça... No início era difícil fazê-la dormir, ficou irritada, mas com o tempo tudo foi acalmando.


Certo dia esqueci de colocar o band-aid, e ao me ver sem ele, perguntou:
- Mamãe, o mamá já está bom?
- Já, amor.
- Posso mamar?
- Agora não dá mais. O leite da mamãe acabou. Agora só vai ter leite de novo se a mamãe tiver outro bebê, mas o leite vai ser pra ele. Você quer um irmãozinho?
Ela ficou séria por alguns instantes, fisionomia de quem estava deliberando sobre um assunto importante:
- Não, mamãe, prefiro um Yakult!

3 comentários:

Anônimo disse...

menina esperta... mas falando seri agora este negocio de amamentar incomoda a algumas pessoas mesmo. Minha irma quase nao amamentou a primeira filha mas amamentava a segunda com muito mais disposicao, o que minha mae achava um absurdo. Achava que a menina passava fome e que tinha que tomar mamadeira. Pode?!

Lilly disse...

Na verdade o que incomoda as pessoas é ser mãe. Eu sempre fui uma pessoa muito decidida, muito firme nas minhas ações. Ficava louca quando meu filho era bebê que encostava alguém do meu lado para ficar dando palpites não solicitados. E outra: parece que mãe tá sempre maltratando o filho. Aqui em SP eles tem a mania de falar dó ao invés de pena. Aí encostavam aquelas tias velhas e falavam: "olha, que dó!". Dá vontade de morrer... Hj estou stress puro! Deu pra perceber né? rsrsrs....

Cacau! disse...

É... Dessa vez não vou me deixar influenciar, minha filha vai mamar até quando quiser; se incomodar psicólogo, pediatra, ou seja lá quem for, problema deles!