quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Entrando numa fria


Fui a uma festa junina com um grupo de novos amigos em Itaipu e resolvemos dormir por lá. Fazia aquele friozinho de junho, e no carro lembro de uma das pessoas que havia acabado de conhecer reclamar do ar gelado, que lhe dava dor de cabeça e incomodava demais.

Ficamos em uma casa grande, do tio de alguém que não lembro (isso foi há mais de quinze anos), e o grupo grande se espalhou aleatoriamente pelas camas de alvenaria e pelo chão.

Fiquei no quarto com duas meninas; uma delas, grande amiga e hoje comadre, ficou na cama em cima da minha. Lá pelas tantas, luzes apagadas, roncos aqui e ali, ouço ela descer sorrateiramente, e de repente...

- QUEM ROUBOU MEU COBERTOR?

Mal a frase havia acabado de ser pronunciada, a vizinha de cima passa correndo e ao subir apressada pro seu beliche de cimento dá o que imagino ser uma joelhada em algum lugar, soltando um gemido abafado. A danada havia pego o cobertor justo da criatura friorenta.

- Se eu não dormir ninguém mais dorme aqui!

E dizendo isso acende a luz e acorda quem tivesse resistido a gritaria.

- B., eu sei que foi você, devolve!

O rapaz, irmão da verdadeira meliante, reclama ao ter o seu cobertor confiscado, em represália.

- Ei, não fui eu não, pode devolver!

- Brincadeira mais sem graça, quero meu cobertor de volta!

Momentos de silêncio incômodo, eu pensando aonde tinha amarrado meu burro, e alguém apaga a luz. Menos de dois minutos depois, tudo de novo:

- B., seu ridículo, devolve, não estou achando graça!

E acende a luz novamente. A essa altura eu já tinha desistido de sonhar com uma boa noite de sono e pensava como a amiga de cima ia se safar.

- Já falei que não fui eu, vai deitar e deixa a gente dormir!

Apaga a luz e deixa a outra lá, resmungando, alternando momentos de silêncio com reclamações.

De repente, novo movimento acima da minha cabeça, e rápida como um raio minha amiga devolve o famigerado cobertor e volta pra cama, no que me pareceram milésimos de segundo, dessa vez sem joelhada.

- Até que enfim, seu palhaço, vai brincar assim com a mãe!

E finalmente pudemos dormir. O mais interessante é que tempos depois minha amiga confessou a autoria do crime, mas a outra levou um bom tempo pra acreditar que não tinha sido o pobre do irmão...

4 comentários:

Lilly disse...

Vc está se revelando uma excelente cronista. Será que isso tb aflorou com Florais de Bach?

Cacau! disse...

Digamos que estou tendo boas influências...;)

Lilly disse...

Ai, fiquei vermelha agora.... ;)
Ó, a minha confirmação não foi tão mal... blessess... isso é um bom sinal!

Cacau! disse...

Verdade... Bem melhor que fudast!