domingo, 24 de maio de 2009

Inconsciente

Engraçado. Bati os olhos no título de um post anterior, "separação". A palavra deve estar na minha cabeça por conta da ida da pequena para a creche antes do que eu havia planejado.

Acho que sou muito metódica, e quebras no que eu cuidadosamente planejo me deixam um tanto estressada. Queria que ela ficasse um pouco mais em casa, deixar seu sistema imunológico mais preparado para todas as bactérias novas que outras crianças irão apresentá-la. Mas não deu.

E lá vem uma separação... Minha filha, naturalmente simpática, choramingou em todos os lugares que visitamos. Ficou no meu colo, cabeça apoiada em meu ombro. Não quis descer ou ir com outras pessoas. Bebês são mesmo muito espertos.

A adaptação começa amanhã. Meu coração está um pouco mais doído do que com a mais velha, que foi para a creche menorzinha, mas eu já sabia que seria assim desde antes que nascesse.
Mas vai dar tudo certo.

Amamento sim!


Começa assim, aos poucos. Um comentário aqui, uma recriminação ali, um olhar espantado acolá.

- Mas você ainda amamenta esse bebê cheio de dentes????

Amamento sim. Ninguém tem nada com isso. E vou fazê-lo até quando quiser.

Gente chaaaaaaata, cheia de teorias psicológicas. Me deixem em paz.:-P

Separação


A filha de minha prima passou o final de semana aqui em casa. Ontem peguei as três meninas e levei-as ao parquinho do clube, para que gastassem um pouco de energia. Confesso que o programa foi um tantinho furado; a mais velha adora futebol, e o parque é daqueles para crianças até oito anos, com brinquedos, areia, cheio de bebês e bolas proibidas. E a pequena, para minha surpresa, ficou o tempo todo no meu colo, se recusou terminantemente a colocar os pés na areia e balançava a cabeça negativamente cada vez que eu tentava mostrar a ela como é legal deixá-la escorrer por entre os dedos. Enfim, M. se divertiu bastante, adora brincar com areia, fica horas esquecida ali, fazendo bolos, montanhas, escondendo os pés.

Estava sentada observando as crianças quando uma moça e seu bebê se aproximaram. Começamos aquela típica conversa de mães de praça: hábitos dos pequenos, creche, idade... Ela me perguntou se as três eram minhas.

- Não, só as duas menores.

- Ah, eu também queria dois filhos, mas tudo muda de repente. Meu marido se separou de mim há duas semanas.

Fiz aquela cara de paisagem, de quem não sabe muito bem o que dizer diante de tal revelação vinda de uma desconhecida.

- Mas você está reagindo bem...

- Não estou não, tenho dormido a base de calmante, vou trabalhar e só choro quando chego em casa.

E daí continuou seu desabafo, contou como se conheceram pela internet (ainda acho isso muito esquisito), o casamento rápido apenas no civil, o bebê que veio logo a seguir, e o fim do casamento 1 ano e meio após seu nascimento. Deixei-a falar, demonstrava necessidade de dividir seu momento para exorcizar sua tristeza.

E até que o tempo passou rápido ali naquele banco do clube; apesar de relatar sofrimento, contava tudo com calma e até uma certa dose de humor. Ela estava mais tranquila porque o menino ainda não havia perguntado pelo pai, e este apenas após duas semanas ligou para saber do filho.

Mais tarde fiquei ponderando sobre a facilidade que os homens tem para se desligar de suas crias. A impressão é de que o vínculo que eles tem com os filhos é dependente do que tem com suas mães/mulheres. Uma vez que este se desfaz, esmaece o amor pelas crianças também.

Eu, hein. Depois dizem que mulher que é bicho esquisito.

Meliante


Triste constatação: minha filha é uma meliante.

Estávamos em uma farmácia comprando as coisinhas que ela precisará para começar na creche amanhã, e a bichinha indócil no carrinho passando a mão em tudo que estivesse ao seu alcance.

Ela pegava e eu devolvia, mas quando parei para pagar a conta ela ficou um bom tempo solta para encher as mãos. Os vendedores de olho nela, fiscalizando e achando graça.

Paguei, pedi desculpas, e sorriso amarelo no rosto devolvi o que ainda estava em suas mãos, enquanto ela berrava em protesto.

No dia seguinte achei um pote no carrinho, cristais de gengibre. Conclusão: na mais tenra idade de 1 ano e três meses minha filha cometeu seu primeiro ato de delinquencia. Espero que pare por aí, ou aos dezoito a folha criminal será imensa, rs...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Good morning

Essa é da série nada é por acaso.

Meu dia hoje está bastante tumultuado, cheio de tarefas. Me programei para acordar um pouco mais cedo e passar no laboratório para deixar material da minha caçula para exame. Só que para contrariar, eu e meu marido perdemos a hora, levantamos tarde, e foi aquela correria.

Mesmo assim levei o material, mas o laboratório estava lotaaaado, 34 pessoas na minha frente. Desisti de esperar, ia jogar o potinho fora e pedi um novo à moça, para recomeçar a coleta e entregar outro dia.

- Mas a senhora só vai entregar material? Tem fila separada, bem mais rápido.

De fato, fui atendida em menos de 10 minutos.

Fui pro carro pensando em como o atraso para acordar me poupou tempo, pois se tivesse chegado no horário que havia me programado, provavelmete teria esperado minha vez pacientemente e não ficaria sabendo da fila especial.

Hum... Começo de dia auspicioso, rs...

Número da sorte?

Mais uma coincidência, vim postar rapidinho.

Estava pesquisando sobre aposentadoria especial do servidor público, e me deparei com uma determinada data de publicação de parecer no diário da justiça. Enquanto esmiuçava a busca, uma colega veio devolver um protocolo de pedido de certidão de tempo de serviço que fiz junto à Secretaria de Estado de Saúde.

Olhava o papel distraidamente enquanto ela me explicava alguns procedimentos que devo tomar quando me deparei com a data de abertura do processo, absolutamente a mesma do parecer que eu pesquisava, dia mês e ano!

Gente, tenho que sair daqui e comprar um bilhete da loteria federal ou coisa que o valha correndo! Será que fico rica hoje?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Bom lembrar


Minha memória me prega peças.

Minha filha menor desenvolveu a estranha mania de puxar as longas pestanas quando está prestes a adormecer. Comentei com minha mãe, que disse:

- Lembra que eu arrancava as suas?

É verdade, coisa curiosa a memória. Quando ela falou sobre seu hábito peculiar, uma luzinha se acendeu. Ela gostava de furtar meus longos cílios para ficar enrolando entre os dedos polegar e indicador. Hábito esquisito mesmo, mas acho interessante o fato, mesmo bobinho, ter se apagado completamente da minha cabeça, cena tantas vezes repetida.

Me veio outra lembrança: minha cachorrinha vira-lata, Natty, gente boa... Nos seguia pela casa e estava sempre aos nossos pés. Ela e minha mãe costumavam passar as noites em meu quarto vendo TV até que eu resolvesse dormir. Minha mãe repetia invariavelmente, em tom de brincadeira:

"Natty, fomos expulsas!"

Ah, coisa boa lembrar.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ah, dormir...


Gente, que dia ontem. Quando não durmo direito, e isso para mim é uma das piores coisas do universo, vejo tudo através de uma lente, ou como um filme. Parece que só fico assistindo a minha vida passar, sem forças para interagir.

Uma vez minha filha mais velha resolveu passar a noite em claro. Ela deveria ter cerca de 1 ano, e eu já estava trabalhando. Diante de tantas tentativas infrutíferas de fazê-la dormir, desatei a chorar como um bebê. Acho que o pai se apiedou e assumiu o leme da situação; os dois passaram a madrugada chuvosa fazendo desenhos com os dedos na janela. Via a cena com os olhos meio abertos, meio fechados, a mente escapando do meu controle, como um sonho bom. E guardei assim, a imagem como uma tela, uma menina em pé na cama, a camisola maior que ela, e o pai a amparando, ambos se divertindo. E eu, feliz da vida, dormi...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Deu mofo


Meu banheiro está com uma infiltração. E o mofo grassa pelo armário do meu quarto, a impressão que tenho é que todos os meus sapatos são verde. Bem, vem chegando o inverno, com ele as afecções respiratórias, etc.,etc.,etc, e agora tudo isso está me incomodando demais. É que acho que sou calma, e passei por uma fase em que tinha que criar uma escala de prioridades de preocupações. A infiltração ganhou sua vez.

E com tudo que eu tinha para resolver, tive que ficar com minha mãe no meu pé todo dia pedindo para eu ligar pra vizinha, ela tinha que fazer alguma coisa, isso ia fazer mal para as crianças, blábláblá, blábláblá... E porque ela mesma não pegava o telefone e ligava?

Enfim, depois de vários contatos, bombeiro pra cá, síndico pra lá, o proprietário do apartamento de cima autorizou o conserto. Sua advogada ligou hoje e marcou a visita do bombeiro para amanhã às 9.

- Algum problema?

- Eu trabalho de manhã, mas minha mãe e a empregada estarão em casa.

Desliguei o telefone e minha mãe logo reclamou:

- Sobrou pra mim...

???

- O que é mesmo que eu tenho que mostrar?

Sem comentários.

A maçã


Bem, bem, bem. Adoro contar meus micos.

Acho que contei em algum post que fiz internato rural, e como a experiência foi enriquecedora. Mas nem tudo é perfeito.

A gente vivia numa comunidade multidisciplinar quase hippie, médicos, enfermeiros, dentistas e eu, nutri, na mais perfeita harmonia. Coisa que infelizmente poucas vezes experimentei profissionalmente.

Enfim, o período de um grupo de dentistas estava se encerrando, e eles resolveram apresentar uma pecinha de teatro em uma das escolas da cidade. Aquela coisa de ensinar cuidados básicos de higiene bucal, prevenção de cáries, whatever. Todos contribuímos com o texto, fantasias, e ia tudo muito bem até que eu fui intimada a atuar. E eu era a miss timidez em pessoa.

- Olha você vai ser a maçã.

- Quê???

- É, a maçã. Você não é nutri? Então, maçã.

E eu estava no momento caprichando no colorido vermelhinho da fruta, desenhada em cartolina que seria colada em isopor. Isso mesmo, mulher sanduíche. Ou melhor, mulher fruta. Acabei de me dar conta que devo ter sido a precursora dessa coisa de mulher salada de fruta, já que isso se passou em, hã-hã, 1990.

Ai, ai, ai, resolvi encarar meus fantasmas e aceitar convite tão sutil, em nome do coleguismo. E também porque um dos dentistas era um gato. Ou melhor, dois... Mas o pior ainda estava por vir.

- Já decorou a música?

- Que música?

- A que você vai cantar...

Gente, não bastava o mico de mulher sanduíche eu ainda teria que cantar. Comecei a achar que alguém estava querendo me sacanear. Tive certeza quando me apresentaram a letra:

"Eu sou a maçã

Vermelhinha e gostosinha

Que me comem todo dia

Para ter mais energia."

Isso no ritmo Teresinha de Jesus. Sentiram?

- Como assim, me comem todo dia???? O negócio é pra criança...

Bem, rolou muita argumentação mas não consegui mudar a letra. Me conformei com meu destino e vamu que vamu.

Dia da apresentação. Palco montado no meio do pátio da escola, apinhado de aluninhos, seus pais e professores. A impressão era de que a cidade toda estava lá.

E lá estávamos nós. A nutri-cenoura, o odonto-escova, o médico-fio dental and so on. Friozinho na barriga, estava chegando a minha vez. Porque só eu ia cantar? Mistério. Nisso alguém me empurra:

- Vai, maçã!

Olhei aquele povo todo, respirei fundo e disparei:

- Eu sou a maçã...

Óbvio. Isso todo mundo estava vendo. Até aí tudo bem.

- Bonitinha e gost...

Nesse ponto a massa do bolo desandou. O gostosinha não saiu nem que a vaca tussisse, mugisse e cantasse o hino nacional em grego. Tive um acesso de riso daqueles sem controle. O pior é que eu ria sozinha, dezenas de olhinhos me fitavam, sérios, sem entender nada. Silêncio total. Tentei começar de novo.

- Eu sou... Kkkkkkkkkk!!!!

Gente, como o palco é solitário... Estava eu lá, artista incompreendida, nem um risinho amarelo da plateia para me apoiar. Só me lembro de ter sido subitamente arrancada de lá, aos costumes.

- Eu avisei que isso não ia dar certo...

Mas acho que deu sim. Pelo menos até hoje eu dou muita risada quando lembro desse mega King Kong...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Black power


Tenho uma festa anos 70 em junho. Pra variar, além do meu visual, fiquei responsável pelo do meu marido também. Mas pra mulher é tudo mais fácil, uma passada pelo comércio da Tijuca e achei um belo vestido estilo hippie, bem baratinho, em uma loja popular. Cordão, brinco e pulseiras deram o toque final, ficou ótimo com as trancinhas que fiz no cabelo comprido.

E para ele? Pesquisei lojas de aluguel na inernet, mas achei poucas opções e caras. Resolvi dar uma andada pela rua da Alfândega.

Nossa, e andei mesmo.Fui às lojas mais conhecidas e nada. Tentei a Turuna, Silmer, Senhor dos Passos, Buenos Aires... Fui a uma delas convidada pela propaganda de rua:
"Venha para a loja ..., aqui temos todos os tipos de fantasia!"
- Oi, você tem fantasia anos 70?
- Não...
- Ué, a propaganda diz que tem todos os tipos...

Diante da cara de alface da vendedora resolvi me retirar. Aliás, fiz uma constatação: o povo da Saara não gosta de vender. Ô gente mal-educada! Era difícil conseguir alguém que me desse bola.

Já voltava desanimada para casa, uma peruca black power numa sacolinha para não ficar de mão abanando, quando vi umas fantasias no mostruário em uma portinha. Subi as escadas e perguntei à moça vestida de Chapeuzinho Vermelho:
- Você tem fantasia maculina estilo hippie, anos 70?
- Tem sim, olha aí!
Foi inacreditavelmente simpática e me apontou uma arara onde, para meu deleite, achei o que procurava: um conjunto de calça de tergal marrom boca de sino com camisa de gola enorme em marrom, grandes estampas azuis, bem cafona, tudo de bom!
- Nossa, é isso mesmo, tem maior?
- Não sei, não trabalho aqui não.

Bem, estava explicada a simpatia da Chapeuzinho. Quer dizer, nesse momento ela já estava vestida de princesa, Cinderela, acho.

Achei o tamanho G pequeno para ele, mas resolvi arriscar. No caminho pra casa fiquei imaginando meu marido naquela fantasia digna de prêmio.

E para a sorte da minha ansiedade ele estava em casa, e experimentou na mesma hora. Ficou sensacional... Com a peruca e os óculos escuros ele ficou tal e qual o Toni Tornado.
- Ensaia BR 3 aí...

Quando ele entrou no quarto da minha mãe, minha tia levou a mão ao peito e gemeu um "ai" assustado; deve ter achado que era assalto...

Nossa, rolamos de rir... Depois eu conto como foi a festa, tá? Aguardem cenas dos próximos capítulos!

Reavendo minha vida aos poucos


Consegui assistir a dois filmes no sábado, Juno e Jogo de Amor em Las Vegas. Gostei muito de Juno, filminho esquisito e agradável. Diálogos objetivos, nada de dramas, soluções infantilmente maduras. Já o segundo é puro entretenimento, cineminha pipoca. Eu gosto.

E ontem vi novamente Pequena Miss Sunshine, que eu adoro, tudo de mais improvável se junta e parece normal. Como toda família.

Ah, não posso deixar de mencionar o fim da noite: Os Incríveis, papai, mamãe e filhas, pipoca e suco de maracujá, luz apagada e som nas alturas.

Mas o melhor de tudo foi ter tempo pra mim, parar e me vidrar na telinha numa boa, sem interrupções. Puro prazer.

Baby talk


Quase todas as vezes que minha filha mama costumo perguntar:
- Quer conversar?

Geralmente ela já está morrendo de sono e balança a cabeça negativamente. Pergunto mesmo só para ver sua reação e dar algumas risadas, é uma brincadeira nossa.

Outro dia ela estava especialmente rabugenta. Enquanto sugava emitia sons bastante irritados, batia os pés e franzia o cenho.
- O que você tem, K.?
Aí subitamente me veio uma ideia:
- Você quer conversar?

Na mesma hora sua fisionomia se iluminou e ela fez que sim, olhinhos arregalados. Que bom, já estava achando que meu papo devia andar muto chato...

Crianças de um novo tempo


Nasci carnívora. Muito carnívora. Não conseguia imaginar um prato de almoço ou jantar sem uma boa porção de carne, de preferência vermelha e mal passada. Passeios a churrascarias eram meu sonho de consumo.

Mas de uns tempos pra cá isso foi mudando. Passei a ter uma certa preguiça de mastigar, e belos pratos de salada se tornaram uma boa pedida. Não que eu rejeite proteína animal, só aprendi a me virar sem ela. E bem.

Mas o que de fato me causa uma certa surpresa é a quantidade de crianças que rejeitam carne. Minha filha é uma delas, aceita muito pouco, fica bem com macarrão, queijo e leite, muito leite. A menor, até o momento, enrola os pedaços na boca e acaba cuspindo.

Às vezes fico me perguntando se esta não será uma geração mais evoluída espiritualmente, que já nasce livre de alguns vícios. Pode até ser apenas coincidência, mas gosto de acreditar nisso.

Sem resposta


- Mãe, o que é camarão?
Achei engraçado essa pergunta na boca de uma menina de 5 anos.
- É um crustáceo. Gostoso...
- E a gente come?
- Come.
- Porque a gente faz isso com a natureza?
????
- É por isso que os bichos ficam zangados e comem os homens. Porque a gente mata eles pra comer.
Fiquei sem resposta.