domingo, 18 de janeiro de 2009

Sarjeta


Não posso reclamar dos amigos que me acompanham nessa vida. Tenho consciência que amizades verdadeiras posso contar nos dedos das mãos, mas são pessoas com as quais conto independentemente da distância que nos separe ou do tempo que fiquemos sem nos ver.

Essa aconteceu comigo e com a Carla. Trabalhávamos em um hospital na zona sul do Rio, novinhas, animadas, aquela idade em que tudo é festa e qualquer pedaço de chão é cama. Nossa afinidade foi muito rápida, apesar de termos personalidades completamente diferentes. Eu, tímida feito uma porta, ela conhecia do faxineiro ao diretor do hospital.

No mesmo ano em que nos conhecemos resolvemos passar o reveillon em Copacabana, algo que nem me imagino mais fazendo atualmente, com um residente da oftalmo, japonês. Carla sabia que eu tinha uma quedinha por orientais, talvez quisesse dar uma de cupido.

Bem, lá fomos nós. Que muvuca, gente por todo lado... Uma determinada hora resolvi ir até a água. Caramba! Nunca tinha visto tanta oferenda junta! Era um tal de buraco na areia circundado por velas que não sei como consegui fazer o caminho até o mar caindo em apenas um. E num arroubo, de que me arrependi depois, lancei um anelzinho lindo, todo de pedrinhas coloridas, para Iemanjá...

Enfim, ano novo. E aí? Resolvemos ficar no prédio dos residentes até clarear e podermos ir para casa. Deviam ser umas seis horas quando descemos, e ela me acompanhando na espera do 409. E que espera... A sensação era de que estávamos sozinhas na rua, nenhuma pessoa, carro e muito menos 409. Ficamos ali tanto tempo que acabamos nos sentando no meio-fio... Não esqueço dela rindo e me dizendo:

- Que belo ano novo, hein? Acabamos na sarjeta!

Mas com pessoas queridas até a sarjeta fica legal e rende boas histórias...

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, era muito masis cedo! deviam ser umas 4 horas, no maximo 5!!!!!!Ainda estava escuro e a gente viu o dia clarear esperando o onibus...E na sarjeta a gente ainda ficou cantando aquele jingle de ano novo ("este ano quero paz no meu coracao, quem quiser ter um amigo, que me dê a mão..."). Falando serio, foi otimo passar um ano novo com voce, mas, pensando agora, não faria aquilo de novo. não pela sarjeta com você, mas porque não me orgulho de quem eu era naquela época...

Cacau! disse...

Será que alguém tem muito orgulho do que era quando mais jovem? Essa é só uma parte do que fomos para crescer e descobrir como somos realmente. E se tem uma coisa que me dá orgulho é de ter uma amiga como você, ontem, hoje ou em qq tempo!!!

Lilly disse...

Tentei dizer antes mas acho que o meu comentário não salvou...

QUEDA POR ORIENTAL? Essa é nova pra mim... rsrsrs....

Cacau! disse...

Ih, sabia não? Tive uma paixão por um japonês, Pat conheceu...

Lilly disse...

Pois é, novidade total... nunca tinha ouvido essa história. Aí vou te dizer que vc restringiu muito o seu universo de escolhas porque no Rio não tem japa!!!!

Cacau! disse...

É verdade. Só me dei conta qd esse tal me chamou a atenção para o fato; ele é paulista, e ao vir ao Rio disse que achava que todo mundo estava olhando para ele por ser diferente. Achei exagero...