quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sépia


Tive uma intoxicação alimentar. Vou omitir os detalhes mais desagradáveis, mas provavelmente a salada do jantar de sexta me pegou de mal jeito, e não acordei nada bem no domingo.

Depois de muito relutar, não teve jeito, acabei em uma emergência, no soro. Quatro horas ali, a paciência esgotada, saudade das minhas fihas e consegui ser liberada. Liguei para casa para avisar e minha filha atendeu:
- Estamos dando muito trabalho pra vovó!

Bem, a esperança de que tudo estava resolvido já se foi na madrugada seguinte; nada parava no meu estômago, nem água. Não tive forças para amamentar, num último recurso me enfiei embaixo do chuveiro. Teria que voltar ao hospital... Chamei meu marido, me arrumei e saí de casa deixando a mais velha dormindo e a caçula inquieta, sem entender minha ausência e porque não tinha podido mamar. Tremenda sensação de impotência...

No caminho, me veio uma súbita impressão de morte, e naquele momento foi um pensamento que me trouxe um certo alívio diante de tanto mal-estar. Olhei a paisagem fora do carro, pessoas indo trabalhar, árvores, postes, lojas, tudo continuaria no seu lugar, mesmo sem mim. Pensei nas minhas filhas e no que lhes seria reservado, e sabe lá como, fiquei tranquila.

Bem, felizmente tudo não passou de delírio de uma uva-passa, nada que uma injeção de bromoprida e dois litros de soro não fossem capazes de apagar da minha mente como se fossem uma borracha de Itu. E me fazer reviver como uma flor murcha que é colocada num vaso de água fresquinha.

Mas daí me ficou a dúvida: será que na derradeira hora nossos sentimentos são assim, tão serenos, tom de sépia? Bem, vou deixar esse tema funesto pra lá. O melhor é não comer mais salada por aí!!!!

2 comentários:

Anônimo disse...

será que foi a salada mesmo? minha sobrinha pequena está ruim (vomitando e com diarreia) desde sabado...

Lilly disse...

Reflexão complicada. Talvez nos últimos minutos, bem no finalzinho. Porque nos meses, semanas e dias que antecedem, dependendo do caso, infelizmente não. Dizem que no exato momento, vê-se uma luz brilhante. Creio que é verdade.