quinta-feira, 5 de março de 2009

Histórias podem ser reescritas


Vou aqui fazer mais um exercício de sinceridade. Nunca gostei de minha avó materna. Desde pequena percebia nela pouco afeto e muita crítica para mim, comparações com minhas primas mais velhas e outras crianças onde eu sempre era a mais "bicho-do-mato", "boba", etc. Sendo assim, meu olhar também era muito mais crítico que amoroso em relação a ela.

Já adulta, sentia um abismo entre nós. Mas o destino fez com que no fim da vida ela precisasse da família e de mim também. Não acho que tenha feito muito, fiz o que achei que seria minha obrigação como neta. Quando pensava em nossa relação, com uma certa tristeza, chegava à conclusão que nosso acerto de contas ficaria para depois, outra encarnação, talvez.

Minha filha mais velha nasceu um ano após sua morte, acho que ela foi programada um pouco por necessidade minha de renovação de vida. Nasceria até o dia 12 de agosto, mas o receio que nascesse junto com minha avó, no dia 9, me fez programar o parto para o dia 8. Como tudo acontece como tem que ser, entrei em trabalho de parto dia 7 a noite e ela nasceu dia 8 mesmo, pela manhã, como quis a natureza.

Hoje estou tendo a oportunidade de me dar uma chance, chance de recomeço. Chance de deixar fatos amargos no passado e olhar para a frente de um modo novo. Não está sendo fácil, mas é possível a partir do momento em que me permiti. Não quero mais nada por obrigação, só por amor. Quero reescrever a minha história a cada dia, lentamente, mas de forma sólida. No final, se é que há um, quero olhar para trás e sorrir satisfeita por ter feito isso por mim.

3 comentários:

Lilly disse...

Cacau... que sintonia a nossa... acho que é isso aí. Não foi por acaso... Eu venho me deparando com diversas situações de mágoa e exercício de perdão. E quando a gente perdoa de verdade, sempre vem junto um sentimento de plenitude e paz. Adorei o post.

Anônimo disse...

É isto aí! também estou tentando fazer isto...

Cacau! disse...

Estou fazendo esse exercício. Faz um bem enorme! Acho que mais pra gente que pro objeto do perdão, que muitas vezes nem sabe o mal que nos fazemos.