quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Encontro com Chico Xavier


Penso que a vida nos manda mensagens o tempo todo, mas muitas vezes não paramos para entendê-las. Uma inesquecível me aconteceu há uns 10 anos, e não me canso de contá-la. Trabalhava na época em um hospital geral e já ao ser admitida fui trabalhar no pronto-socorro. Essa é uma experiência e tanto... Tinha cerca de 20 anos, e todas as manhãs me deparava com cenários deprimentes... Seres humanos padecendo dos mais diferentes males em um local que quase nenhuma estrutura oferecia, alguns jogados em macas frias, outros em cadeiras ou até pelo chão, cheiro de urina, fezes... Pessoas esperando alguém que lhes desse atenção, remédios, alimentos, ou seja, qualquer coisa que amenizasse seu sofrimento. Ali fiquei por 4 anos até pedir a minha chefia que me colocasse em outro setor. A partir de então tomei verdadeiro pavor ao PS, e o máximo que me permitia fazer era passar pela porta.

Coincidentemente éramos um grupo de nutricionistas, mulheres, em sua maioria praticantes ou apenas simpatizantes da doutrina espírita. Trocávamos livros psicografados, e muitas vezes conseguíamos ler nos plantões de final de semana, mais tranquilos. Eu estava começando a gostar desse tipo de leitura, Católica não praticante, cheia de dúvidas que a Igreja não conseguia esclarecer. Líamos sobremaneira a Zíbia Gasparetto, romances de fácil entendimento, agradáveis, sempre com algum ensinamento em suas páginas.

Meu avô, espírita, alguns anos antes de falecer havia me presenteado com o Evangelho Segundo o Espiritismo, mas na época li apenas alguns trechos e fiquei um tanto impressionada. Adolescente ainda, essa coisa de vida após a morte me arrepiava, apesar de nunca ter duvidado de que a reencarnação é um fato. Vejam bem, essa é a minha crença, não pretendo que seja entendida como verdade absoluta.

Num desses plantões de domingo uma colega levou para o trabalho Nosso Lar, de Chico Xavier. Como ela iria se ausentar por um tempo e eu não tinha nada para ler, pedi que me emprestasse durante esse período. Assim fez, e comecei a ler e me encantar pelo texto e as mensagens que transmitia. Mas eis que o compromisso da minha colega é adiado e ela volta muito antes do previsto. Puxa... Fiquei triste... Enfim, lembrei que uma outra colega trazia sempre seu walkman e pedi emprestado. Só que essa era a nutricionista do PS no momento, e tinha deixado o danado lá na salinha... Essa era uma das únicas vantagens da Emergência, uma sala só nossa, no fim do corredor. Bom, fazer o quê. Venci minha resistência e fui lá para buscá-lo. Me lembro de entrar no PS e avistar a porta da salinha, bem lá no fuuuuuundo do corredor. Caminhei até ela, abri e vi o walkman em cima da mesa. Tudo que eu tinha a fazer era pegá-lo, fechar a porta e sair rapidinho. Mas alguma coisa me fez entrar, dar a volta na mesa e sentar na cadeira. É nítida na minha cabeça a lembrança de ter logo em seguida aberto a primeira gaveta da mesa e ter me deparado com nada mais, nada menos do que um outro exemplar do Nosso Lar!!!!!!!! Não preciso dizer que passei o resto da tarde ali, devorando suas páginas, feliz e agradecida por ter sido levada até lá e por ter entendido a mensagem. Que bom se fosse sempre assim...

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