segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Estória de uma amizade


Empregos anteriores me fizeram desconfiar dos outros. Devo dizer que hoje tenho o pé atrás com a maioria das pessoas, confio sem me abrir ou esperar muita coisa em troca.

Foi assim que conheci uma colega há alguns anos. O ambiente no trabalho era pesado, parecia que as paredes tinham ouvidos e que eu estava sendo testada o tempo todo. Nosso primeiro contato foi por telefone, ela havia acabado de tomar posse e queria saber se eu poderia trocar meu horário para conciliar com o dela. Nossa, nem me conhecia, e já ia pedindo uma coisa assim! Hum, pé atrás...

Nos encontrávamos pouco, plantões diferentes. Hoje sei que ela passou por todas as incertezas e pressões que eu. Parecia ser uma moça séria e competente, dividíamos o mesmo setor e aos poucos fomos desenvolvendo uma afinidade profissional e um respeito pela outra como eu nunca havia experimentado.

Certo dia, sem que eu esperasse, me revelou sua estória. Não me cabe descrevê-la aqui, mas fiquei profundamente comovida... Essa menina passou por situações difíceis e sofrimentos desde pequena, e me lembro de poucas vezes tê-la visto sem um sorriso no rosto. É, no rosto, pois ela ri com os lábios e com os olhos. Todas as dificuldades devem ter construído a força que tem e que reverte em benefício para ela e para quem está em volta.

Veio seu casamento e minha filha foi dama. Puxa, fiquei feliz com o convite e o carinho que sempre teve com minha pequena. Mas, como a vida nos prega peças, passamos em um concurso que a colocou em um local diferente, eu permaneci no mesmo. Fiquei desamparada de repente... Até hoje tentamos trazê-la de volta, mas é difícil conseguir que seja liberada.

Agora ela vai ter seu primeiro bebê, que já era desejado há um bom tempo. Ontem fui ao chá de fralda e ela parecia uma criança de tão contente. Fiquei pensando como é bom ter esse tipo de amigo que a gente não vê com frequência, às vezes fica meses sem falar, mas quando encontra é sempre festa. Uma amizade assim, construída aos poucos, mas atada em laços tão pequeninos e tão numerosos que fica difícil desfazer...

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