Minha filha estava com um ano e oito meses em sua segunda páscoa. Foi nessa época que comecei a reparar que algumas vezes tentamos realizar desejos nossos nos filhos.
Quando criança adorava ler as revistinhas do Maurício de Souza, principalmente as da Mônica. E como queria um coelhinho igual ao dela, batizado de Sansão já depois de alguns anos de vida. Enfim, quando lançaram a pelúcia do bicho, eu já estava pra lá de adulta, mas fiquei encantada. Com a menina pequena, pensei em presenteá-la na páscoa, ela iria adorar.
Então certo dia entramos em uma loja de brinquedos. Ela já estava naquela fase de querer mexer em todos, maravilhada com a variedade de cores, bonecas, joguinhos. Pegava, abraçava, arregalava os olhinhos:
- Que lindo, mãe!
Animada, avistei meu objeto do desejo e coloquei na sua frente. Ela segurou a caixa, deu uma boa olhada, avaliou e sentenciou, séria:
- Êxe não.
Devo ter ficado alguns segundos parada, boca aberta. Como assim??? Era o Sansão!!!
Nesse meio tempo ela já havia retornado ao chamego com as prateleiras abarrotadas, rindo, feliz, a cada descoberta. E eu de vez em quando fazia nova tentativa, introduzindo o coelho discretamente no seu caminho. Mas a reação era sempre...
- Êxe não.
Fazer o quê, né. Me conformei e nem lembro mais qual foi o presente eleito. Até que no ano passado, com 4 anos, me pediu a Dalila, versão feminina e cor-de-rosa do original. Ainda tentei:
- Olha o azul, que bonitinho...
- Não. Quero a rosa.
E foi a última tentativa, desisti. Até que outro dia....
- Mãe, você compra pra mim o Sansão?
-Ah, esse não!!!!!
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