domingo, 24 de maio de 2009

Separação


A filha de minha prima passou o final de semana aqui em casa. Ontem peguei as três meninas e levei-as ao parquinho do clube, para que gastassem um pouco de energia. Confesso que o programa foi um tantinho furado; a mais velha adora futebol, e o parque é daqueles para crianças até oito anos, com brinquedos, areia, cheio de bebês e bolas proibidas. E a pequena, para minha surpresa, ficou o tempo todo no meu colo, se recusou terminantemente a colocar os pés na areia e balançava a cabeça negativamente cada vez que eu tentava mostrar a ela como é legal deixá-la escorrer por entre os dedos. Enfim, M. se divertiu bastante, adora brincar com areia, fica horas esquecida ali, fazendo bolos, montanhas, escondendo os pés.

Estava sentada observando as crianças quando uma moça e seu bebê se aproximaram. Começamos aquela típica conversa de mães de praça: hábitos dos pequenos, creche, idade... Ela me perguntou se as três eram minhas.

- Não, só as duas menores.

- Ah, eu também queria dois filhos, mas tudo muda de repente. Meu marido se separou de mim há duas semanas.

Fiz aquela cara de paisagem, de quem não sabe muito bem o que dizer diante de tal revelação vinda de uma desconhecida.

- Mas você está reagindo bem...

- Não estou não, tenho dormido a base de calmante, vou trabalhar e só choro quando chego em casa.

E daí continuou seu desabafo, contou como se conheceram pela internet (ainda acho isso muito esquisito), o casamento rápido apenas no civil, o bebê que veio logo a seguir, e o fim do casamento 1 ano e meio após seu nascimento. Deixei-a falar, demonstrava necessidade de dividir seu momento para exorcizar sua tristeza.

E até que o tempo passou rápido ali naquele banco do clube; apesar de relatar sofrimento, contava tudo com calma e até uma certa dose de humor. Ela estava mais tranquila porque o menino ainda não havia perguntado pelo pai, e este apenas após duas semanas ligou para saber do filho.

Mais tarde fiquei ponderando sobre a facilidade que os homens tem para se desligar de suas crias. A impressão é de que o vínculo que eles tem com os filhos é dependente do que tem com suas mães/mulheres. Uma vez que este se desfaz, esmaece o amor pelas crianças também.

Eu, hein. Depois dizem que mulher que é bicho esquisito.

2 comentários:

carla disse...

também acho esquisito este negócio de se conhecer pela internet...E é estranho mesmo como os homens reagem...o meu marido, por exemplo, fica arrasado quando o filho não quer brincar com ele, remoi isto até o pequeno voltar ao normal e querer brincar...rsrsrs

Lilly disse...

é Cacau, no meu caso não aconteceu.Mas concordo com vc. Parece que a ligação da mãe com o bebê é mais instintiva, tb observo casos como o que vc descreveu e isso me causa um certo espanto.