Estou com a estranha sensação de que não consigo mais administrar minha vida. Parece que tudo fugiu ao meu controle. E esse é meu ponto fraco, calcanhar de Aquiles,
whatever.Alguns pequeninos problemas me tiram do sério, paciência é artigo raro entre minhas virtudes. Acho que finalmente estou deixando de ser filha para ser mãe. De duas. Ou três, incluindo o pai delas. Mas ainda me recuso terminantemente a inserir minha mãe nessa lista.
De vez em quando gosto de escapar. Uma voltinha no comércio perto de casa já me relaxa. Essa é a vantagem de se morar perto da muvuca, mas felizmente em uma rua tranquila, residencial. Você tem um pouco da paz e a confusão está lá, pertinho, ao alcance da mão. Passeio, olho as vitrines, compro uma coisinha ou outra, tomo um cafezinho e esvazio a cabeça.
Num desses momentos entrei na Eldorado, tinha que comprar dois presentes para meninas. Escolhi os livros que encantaram minha infância, como sempre. De repente meus olhos se fixaram em um exemplar de Cazuza, Viriato Corrêa. Nossa, que grata surpresa! Me vi com oito ou nove anos, fantasiando naquelas histórias de menino do interior do Maranhão, início do século vinte, talvez. Causos e coisas simples. Presente da minha avó...
Infelizmente, meu exemplar original se perdeu, e junto com ele a dedicatória carinhosa. Mas aquele comprei, reli, e guardo para ler com minhas filhas no tempo certo.